Apesar de curta em extensão a Trilha da Lagoinha do Leste requer fôlego para vencer a muralha natural em forma de morros do maciço que guarda a praia e sua serpenteante laguna, cercada em parte, por dunas cobertas por restinga. Não existem estradas para a Lagoinha do Leste, embora no século passado houvesse moradores, inclusive nascidos lá no arrabalde, no tempo que o Pântano do Sul e a Armação eram ainda arrais da Ilha. Próximo ao principal córrego que cruza a trilha, no antigo caminho aos pastos do morro, morava Dona Ernestina e família. O chão de sua casa, em meio ao mato, ainda persiste.

Com a partida das pessoas e na sequência dos animais de criação os antigos pastos e roças cruzados pela trilha tornaram-se áreas de sucessão vegetal, indo da capoeirinha ao capoeirão. E embora até engenho tenha existido na Lagoinha do Leste quem hoje contempla sua paisagem sensacional imagina que a mata primária, atribuída à parte das encostas de sua morraria, seja regra geral. Na realidade, após o tombamento da bacia hidrográfica da Lagoinha como patrimônio natural e paisagístico em 1987, foi a criação do parque cinco anos depois que salvou a região como se conhece hoje, belíssima.

Das atividades tradicionais preserva-se a pesca artesanal, inclusive como objetivo da Unidade de Conservação, recriada em 2018 com seu nome atual: Parque Natural Municipal da Lagoinha do Leste. No presente o mar arredio da Lagoinha é dividido com a galera do surfe, os barcos que levam e trazem, na alta temporada de verão, um número cada vez maior de turistas e, finalmente, o limite norte da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca. No inverno, as graciosas baleias da espécie Eubalaena australis podem ser avistadas no litoral catarinense durante a sua temporada reprodutiva.